Biodiversidade e Saúde - IOC

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24/09/2019

Prêmio Oswaldo Cruz de Teses 2019 destaca pesquisas do IOC


Maíra Menezes

Pelo terceiro ano consecutivo, pesquisas desenvolvidas nos Programas de Pós-graduação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) foram reconhecidas com o Prêmio Oswaldo Cruz de Teses, promovido pela Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fundação Oswaldo Cruz (VPEIC/Fiocruz). Concedida desde 2017, a premiação destaca estudos de elevado valor para o avanço do campo da saúde, nas áreas temáticas de atuação da Fiocruz. Ao todo, a edição 2019 selecionou quatro vencedores e seis ganhadores de menção honrosa, nas categorias ‘Medicina’; ‘Saúde coletiva’; ‘Ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina’; e ‘Ciências humanas e sociais’ [confira o resultado].

Método diagnóstico
Premiada na categoria ‘Medicina’, Luana Lorena Silva Rodrigues, professora da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e aluna do Programa de Medicina Tropical do IOC, realizou um estudo que pode contribuir para o enfrentamento do câncer de colo de útero na Região Norte, onde o tumor é o mais frequente e letal para mulheres. O trabalho mostrou alta aceitabilidade do método de autocoleta cervicovaginal – no qual as próprias mulheres realizam a coleta das amostras – para diagnóstico de HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) entre mulheres da região do Tapajós, no Pará. Também foi verificada concordância significativa de resultados em comparação com o exame Papanicolau. Além disso, pesquisa indicou alta prevalência dos agravos na população considerada.

“O HPV é o principal causador do câncer de colo de útero, mas o acesso aos serviços de saúde, onde é realizado o exame Papanicolau, é difícil em muitas localidades da Amazônia. A autocoleta pode facilitar o diagnóstico precoce da infecção em mulheres da região”, afirmou a autora.

Orientada pelo pesquisador José Henrique da Silva Pilotto, do Laboratório de Aids e Imunologia Molecular do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Alcina Frederica Nicol, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), a tese foi intitulada ‘Aceitabilidade da autocoleta cervicovaginal na determinação da prevalência de HPV e de outras ISTs em mulheres portadoras ou não do HIV-1 vivendo na região Tapajós, Amazônia, Brasil’. A pesquisa foi realizada no IOC e nas Universidades Johns Hopkins e Southern California, nos Estados Unidos, durante período de doutorado sanduíche.

Variações genéticas
Na categoria ‘Ciências biológicas aplicadas à saúde e biomedicina’, o prêmio foi para Andréa Marques Vieira da Silva, pela tese defendida na Pós-graduação em Biologia Celular e Molecular do IOC. Biotecnologista do Instituto Nacional de Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), ela investigou variações genéticas que alteram o padrão de resposta imune, impactando na resposta ao tratamento da hepatite C. A análise de amostras de mais de 700 pacientes apontou três variações nos genes IFNL3 e IFNL4, que influenciam na chance de sucesso ou fracasso da terapia com o medicamento alfapeginterferona.

“Considerando a combinação dos três polimorfismos [variações genéticas] é possível predizer o resultado do tratamento em 86% dos pacientes. Essa informação é importante para orientar a escolha e o acompanhamento da terapia”, afirma Andréa, esclarecendo que o fármaco alfapeginterferona é indicado em casos específicos de hepatite C, especialmente quando os pacientes não podem utilizar os antivirais que constituem a primeira opção para combater a doença.

O estudo ‘Influência dos polimorfismos nos genes IFNL3 e IFNL4 na resposta virológica sustentada e na produção de citocinas em pacientes brasileiros com hepatite C crônica tratados com alfapeginterferona’ foi orientado pelo pesquisador Milton Ozório Moraes, chefe do Laboratório de Hanseníase do IOC, e co-orientado pela pesquisadora Denise Cristina de Souza Matos, de Bio-Manguinhos.

Obesidade
Também estudante do Programa de Biologia Celular e Molecular, Ana Carolina Proença da Fonseca recebeu menção honrosa na categoria saúde coletiva pela tese ‘Abordagem molecular e epidemiológica da obesidade no Rio de Janeiro’. Além de apontar diversas variações genéticas que podem contribuir para aumentar ou reduzir as chances de ganho de peso, o trabalho identificou, pela primeira vez na América Latina, dois genótipos ligados a um tipo de obesidade chamado de monogênica.

“A maioria dos casos de obesidade é poligênico, resultando da combinação de diversos fatores genéticos e ambientais. Porém, alguns pacientes apresentam mutações específicas que prejudicam a percepção de saciedade, levando a um fenótipo grave de obesidade, que se manifesta desde a infância. Para estes casos, o prognóstico da cirurgia bariátrica é ruim e já há estudos em fase clínica para desenvolvimento de terapias”, explica a autora, que atualmente realiza pós-doutorado no IOC. A pesquisa foi orientada pelo pesquisador Pedro Hernan Cabello Acero, chefe do Laboratório de Genética Humana do IOC, e co-orientada pela pesquisadora Giselda Maria Kalil de Cabello, do mesmo Laboratório.

Teses desenvolvidas nos programas de pós-graduação da Fiocruz ou em cursos nos quais a Fundação participa de forma compartilhada podem ser inscritas no Prêmio Oswaldo Cruz. A seleção dos vencedores é realizada por uma comissão avaliadora de integrantes externos à instituição e pelos professores que orientam as pesquisas. Em 2019, os estudantes premiados receberão apoio de R$ 7.500 para participar de evento acadêmico ou científico nacional ou internacional. O apoio financeiro poderá ser utilizado para deslocamento, inscrição e estadia, até um ano após o recebimento.

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